Quando estudante de medicina e mesmo anos depois de formada pensava que nós médicos(as)éramos "imorríveis" e "indoencíveis." Sei lá porque pensava assim. Mas pensava.
Com o passar dos anos, a ficha foi caindo e a vida foi me mostrando que não era bem assim. Ou melhor, não era nada assim.
E me vi assustadíssima com a morte, principalmente, a morte não anunciada.
Desde então comecei a pensar uma maneira de não ser pega de surpresa e deixar nas mãos de qualquer pessoa o que eu quero que seja feita com my body.
Quero está de baton, blush, rímel, bem muito rímel, sombra, pó facial, uma roupa bonita, ajeitadinha.
A morte já é feia e vc ser vista mais feia ainda, não pode.
Sempre falei isso aqui em casa. Sempre fiz essas recomendações.
Avisei aos parentes todos.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0_aaSy331KhNUpEAnbku979naABoX-3qUF-vpOaebPyEcjwCseXWU7BmQl8efJ_uHA3wMGuKIkAuSgdq7ujxI3yiqdPgOS2KwI6JL0kekhk23J-cucPbfo6OCx7_8wM5cgCpAlA/s200/Rosinaldo2.jpg)
Essa foto mostra meu marceneiro Rosinaldo. Um competente, marceneiro.
Faz algum tempo que fui encomendar a ele um caixão de qualquer coisa, sem preocupação de ser formicado por dentro ou por fora, mas que tivesse uma gaveta bem grande e funda onde eu pudesse levar coisas dos quais não quero me separar. Alguns livros, roupas, sandálias, minha bota de cano longo, meu notebook, rádio com pilhas novas ligada na Antena 1 e outras coisas que não lembro agora.
Tomei um susto com a reação do Rosinaldo.
Ele quase saiu correndo escada fora.
E até hoje, não aceita falar no assunto.
Mas eu vou insistir. Só tenho ele para fazer essa encomenda.
Liliane