Faz muitos anos que conheço Francy.
Não importa quanto de tempo faz. Sei que são muitos.
Morávamos juntas com outras 3 colegas na nossa pós-adolescência.
As 3 eram chatas e desorganizadas.
O quarto das "outras" era uma bagunça só.
O meu e de Francy organizado todo.
Foi Francy que dividiu o quarto e o guarda-roupa comigo.
Fui a última a entrar no grupo.
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Cheguei por lá cheia de medo e de dores no estômago.
Dores demais. Vômitos demais e medo demais.
A única coisa que não era demais era o dinheiro.
Francy era forte, decidida. Já tinha um bom emprego.
Eu era forte-medroso. Será que tem forte-medrosa? Tem sim. Eu era.
Nos finais de semana fazíamos nossas refeições no restaurantes das Faculdades. Era uma alegria só.
E eu adorava aquela comida.
O restaurante não funcionava nos domingos e feriados.
Nos domingos, a gente precisava fazer macarrão e ovo frito num fogareiro elétrico, cuja resistência queimava várias vezes antes do macarrão ficar pronto.
As outras colegas, as vezes, iam almoçar com os namorados.
Eu namorava um "pirangueiro". O jeito era comer macarrão e ovo frito.
Que delícia de macarrão!
E os dias foram se passando, a amizade das 5 se consolidando, até que a irmã mais velha da Francy precisou vir morar conosco.
Ivanise morava no interior do Maranhão e tinha um noivo, feinho, feinho.
E aí acabou-se o que era doce.
Francy precisou morar um apartamento com a irmã e depois com a mãe, que veio também, e eu fiquei com as "feras".
Vale lembrar que sou "doente" de ciumes. Tenho ciumes de tudo que se possa imaginar.
Minha filha(ciumenta, também) reclama mas, "tô nem ligando. Quero continuar ciumenta.
Tive muita raiva da atenção quando Ivanise(que é um doce de pessoa)veio morar com a gente.
Escolhi Francy para ser madrinha de uma irmã. Minha mãe aceitou.
Minha mãe tinha tanto filhos que dava até raiva. Estudar com aquele bando de criança era complicado.
Agora, todos criados, já faz uma festa. Acho que era até dificil arranjar padrinhos
Quando Francy ficou madrinha de irmã, criou um vínculo.
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O tempo afastou a gente. Seguimos caminhos diferentes.
Casei com um "pirangueiro". Tive filhos com o pirangueiro.
Separei do pirangueiro e casei de novo.
Francy casou, descasou e re-casou.
Agora não dividimos mais os sonhos da pós-adolescência.
Dividimos a alegria de encontros festivos em nossos belos apartamentos.
E viva minha amiga Francy.
Liliane