Acordo muito cedo todos os dias e gasto muito tempo me arrumando para ir trabalhar. Não saio sem baton, blush, rímel e olhos pintados. Saio nada.
Tenho uma preocupação constante, permanente, de está pronta, arrumada, caso morra de repente.
A gente nunca sabe quando vai acontecer.
Para mim, não é trabalhoso ou desagradável ficar esse tempo me maquiando, me arrumando. Não é tempo perdido. É tempo ganho.
Quero morrer arrumada e bem arrumada.
Dou uma importância muito, muitíssimo, grande a quem se cuida.
Estava no plantão noturno numa Emergência, a maior Emergência do Estado, quando chega um paciente com traumatismo torácico. Era um homem forte, bonito, lembro bem disso. E estava com a cueca suja, velha e encardida. Eu, hem. Tô fora.
Gosto de vê pele bonita, corpo bonito, cabelos arrumados.
E não precisa de ter dinheiro para se cuidar. Basta ter bem querer.
Aqui, o clima não ajuda muito.
Mas eu não quero ser pega de surpresa como foi aquele acidentado.
Esta semana fiquei espantada com 2 nomes de clientes. Uma era Urubanilda, isso mesmo. A outra Janelane. Quem põe um nome desse num descendente é ruim da cabeça ou doente do pé, como diz a música.
E eu lá toda arrumada, cheirosa, esperando urubanilda e janelane.
Liliane